
Cento e vinte e cinco milhões de pessoas em todo o mundo – 2 a 3% da população – têm psoríase, de acordo com a Psoriasis Foundation que celebra em agosto o mês de conscientização sobre a enfermidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde a psoríase, classificada como doença não transmissível, é uma condição crônica, dolorosa e incapacitante para a qual ainda não existe cura. Tem um impacto negativo na qualidade de vida dos doentes.
Pode ocorrer em qualquer idade, e é mais comum no grupo etário dos 50-69 anos. A psoríase se caracteriza por lesões cutâneas localizadas ou generalizadas, que provocam coceira e dor. Estudos mostram que entre 10 a 30% das pessoas com psoríase apresentam maior risco de desenvolver artrite crônica inflamatória (artrite psoriásica) que leva a deformações das articulações e incapacidade. Indivíduos com psoríase estão em risco acrescido de desenvolver outras condições clínicas graves, tais como doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, doença inflamatória intestinal e depressão.
Em 2014, uma Resolução da Assembleia da Saúde da ONU salientou que muitas pessoas no mundo sofrem desnecessariamente da psoríase devido a diagnóstico incorreto ou atrasado, opções de tratamento inadequadas, acesso insuficiente aos cuidados, e por causa da estigmatização social. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) mapeou a prevalência da psoríase diagnosticada por médicos nas capitais do País, mostrando uma variação da prevalência da doença nas regiões brasileiras, indo de 0,92% na região Norte a 1,88% na região Sudeste.
Uso da cannabis no tratamento da psoríase
Pesquisadores estão estudando a utilização da cannabis medicinal no tratamento da psoríase. O médico e especialista em medicina farmacêutica, Dr. Wellington Briques, comenta a recente revisão científica Cannabis para Psoríase Refratária – Esperanças para um Novo Tratamento e uma Revisão da Literatura. De acordo com o médico “o sistema imunológico e a sua interação com o sistema nervoso foram investigados como o mecanismo subjacente à doença. A interação entre estes dois sistemas através da via anti-inflamatória e também do sistema endocanabinóide; pode sugerir canabinóides como um potencial tratamento da psoríase, especialmente por seu aspecto autoimune”.
De acordo com Briques, que é Diretor Global de Medical Affairs da Canopy Growth: “alguns estudos sugerem que os canabinóides podem abrandar o crescimento rápido de queratinócitos, que são células imaturas da pele encontradas em pessoas com psoríase. Condições inflamatórias da pele como a psoríase resultam de uma série de respostas das células imunitárias na pele. A desregulação do sistema imunológico cutâneo resulta numa marcada proliferação e queratinização das células epidérmicas. Um estudo publicado pelo Journal of Life and Environmental Science sugere que os canabinóides e os seus receptores podem ajudar a controlar e limitar a produção de células cutâneas imaturas. Os investigadores acreditam que a cannabis pode ser útil no tratamento de várias condições que envolvem queratinócitos, incluindo a psoríase e a cicatrização de feridas”.
Regulação da resposta inflamatória
O médico destaca que devido ao seu papel na regulação da resposta inflamatória de queratinócitos e células imunológicas dérmicas; o sistema endocanabinóide oferece alvos potenciais para a gestão de muitas condições inflamatórias da pele, mas os dados ainda são limitados. “Apenas recentemente, após décadas de proibição, foi possível avançar nos estudos com os medicamentos a base de cannabis. As pesquisas seguem avançando no campo da medicina canabinóide em busca de novas terapias em benefício dos pacientes”, ele completa.
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Fonte: Snif Brasil