
Da mesma forma que em outras áreas, o setor de saúde sofreu algumas mudanças devido à pandemia. Em função das restrições de deslocamento ou por simples receio de sair para a rua e contrair Covid-19, muitos pacientes adotaram o sistema de consultas por meio da telemedicina.
Modelo este que foi autorizado a funcionar em caráter de urgência pela Agência Nacional de Saúde (Anvisa).
No entanto, ainda carece de regulamentação.
É praticamente certo que esse canal de atendimento permanecerá e se tornará cada vez mais utilizado pelos brasileiros, assim como já acontece em outros países.
E com o aumento da procura por telemedicina, cresceu também a quantidade de health techs, startups especializadas em soluções tecnológicas para o setor de saúde.
Boa parte oferece serviços independentes de telemedicina e compete com as plataformas dos convênios médicos e de alguns hospitais.
Todavia, vale ressaltar que, antes da pandemia, havia certa desconfiança das pessoas com relação à funcionalidade do modelo de consulta a distância.
Hoje, o mercado entende que o sistema funciona muito bem naqueles casos em que não é necessário examinar o paciente presencialmente.
E também no acompanhamento de um tratamento em que o diagnóstico já está feito.
LGPD e a telemedicina
Tudo isso nos faz imaginar um futuro com inúmeras plataformas atendendo os pacientes. Mas é possível que não seja bem assim. Com a entrada da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em agosto, a expectativa é de que somente as health techs que se prepararam para este momento é que se manterão no mercado.
Aquelas que se limitaram a criar um canal de videochamada, sem entender que, além da consulta em si, é preciso manter a segurança da informação, vão perder espaço muito brevemente.
No entanto, é preciso entender que uma consulta feita por meio de um desktop, notebook ou smartphone envolve mais do que dados pessoais.
Nessa conversa a distância entre médico e paciente existe o, então, que se convencionou chamar de dados sensíveis. Trata-se de informações pessoais relacionadas à saúde.
Então, qualquer solução precisa garantir que somente as pessoas envolvidas no processo – médico, paciente e farmácia, caso haja prescrição digital de medicamentos – terão acesso à informação.
Preparar todo um sistema para atender a essa necessidade legal com máxima garantia aos players envolvidos não é tão simples como parece. Teoricamente, toda empresa armazena os dados das pessoas de maneira adequada.
Só que agora é necessária uma autorização do paciente para o armazenamento.
É preciso ter clareza de onde e como aquela informação vai ser usada. Além do uso, há também a preocupação com a integridade do ambiente tecnológico que hospeda a solução e os dados.
Segurança das informações
É seguro o bastante para evitar a invasão de hackers e/ou vazamentos?
Percebe como é delicada a situação?
Não é preciso exercitar muito o raciocínio para concluir que a LGPD funcionará como um filtro para as soluções de telemedicina.
O momento de aproveitar a onda já está acabando e agora o mercado está na fase de consolidação.
Dessa maneira, as empresas menos preparadas, justamente aquelas que só viram na pandemia uma oportunidade para rentabilizar, vão começar a perder espaço.
Os próprios médicos, clínicas e hospitais darão preferência para as soluções mais seguras e funcionais para evitar colocar em risco os dados de seus pacientes.
E além da LGPD, que já existe, o mercado aguarda a regulamentação definitiva, que vai aumentar mais ainda o nível de exigências e contribuir, então, para consolidar o setor.
Quem não se preparou ainda pode fazê-lo, mas já começa bem atrás dos protagonistas.
4 infrações comuns de LGPD que ainda são cometidas no dia a dia
Fonte: Gerente de Soluções da Vertical de Geração de Demanda da InterPlayers, Mario Lucas Cacozza de Souza
Foto: Shutterstock